
É essa a sensação que todos tínhamos muito antes de Locke dizer essa frase em Eggtown,
"Isso não é uma democracia''. Em um grupo de sobreviventes no meio de uma Ilha que mais parece um centro de experiências macabras do que um paraíso tropical, é necessário que alguém se disponha a "conduzir o rebanho" para que as coisas não saiam dos eixos. As pessoas tendem a olhar para alguém que interceda por elas e as diga o que fazer e quando fazer - é um aspecto da humanidade que não pode ser negado e muito menos ignorado. Nós obedecemos nossos pais porque, supostamente, eles sabem o que fazer e nós, não. Nós elegemos nossos líderes em eleições porque, simplesmente, as coisas tem que ter organização, e independentemente da visão política - socialista, comunista ou capitalista - todos sabem que o poder na mão de todos
não funciona. Ou ao menos não funciona na prática. Mas, houve na história da humanidade, homens que levaram a sério seu espírito de liderança e suas convicções, sério
demais. O regime fascista que vigorou na década de 20 e 30 na Europa e de 37 a 45 no Brasil é um exemplo claro de como o poder pode ser levado as últimas consequências e ter resultados drásticos.
Onde eu quero chegar com isso? Simples. No começo da quarta temporada de Lost, a vinda do suposto resgate para a Ilha despertou reações adversas no grupo de sobreviventes: parte dele pensa que serão resgatados (os que seguem Jack) e parte pensam que essas pessoas estão lá apenas para matá-las (os que seguem Locke). E de pano de fundo para essa história, está a rivalidade dos líderes dos grupos. Pessoas que compartilharam tanta coisas juntas se vêem separadas por suas crenças, e lideradas por pessoas que aparentemente, não tem a mínima idéia do que fazer. Locke, o homem de fé, que olhou para dentro da ilha e disse que o que viu foi lindo, está sendo testado mais uma vez: ele acredita piamente estar certo e espera que Jacob diga seu próximo passo. Mas ele não diz. Ele não está lá. Mas John Locke ainda acredita, com toda sua fé, que o que ele está fazendo é certo e para o bem de todos. Será mesmo? Será que ele não está abalado com os recentes acontecimentos em sua vida e levando a ferro e fogo sua liderança? Será John Locke o novo ditador da Ilha? Hurley o contestou, em Confirmed Dead, o que ele estava fazendo, e ele disse que ele estava no comando, Hurley gostando ou não. E perguntamos: quem deu o direito a Locke para dizer para as pessoas o que fazer ou deixar de fazer?
A mesma ressalva eu faço para o outro lado, Jack. Não há como negar sua liderança diante dos Losties - como médico, ele se destacou em ajudar a todos e exercer o papel nem sempre fácil de líder. Mas assim como Locke, liderança não significa poder absoluto. Saber o que fazer não lhe dá o direito de mandar nas pessoas. Mais parece que, atualmente, Jack colocou seu bigode curtinho e Locke tem um sotaque italiano. A diferença que os ditadores reais eram aliados, e a versão lostiniana da coisa... bem, nem tanto. Que fique bem claro - eu não considero Locke e Jack fascistas sanguinários e impiedosos - mas o paralelo do fascismo e do poder exercido pelos dois tem suas semelhanças ao meu ver.
"Eu quero te usar para uma coisa.''

A infame frase dita por Kate no episódio dessa semana causou alvoroço - histéricos e revoltados - quando foi mostrado no sneak peak. Skaters pessimistas temiam que a Sardenta estivesse usando nosso golpista favorito, mas quando o episódio passou, ficou claro que esse não foi o caso. Kate visita Miles, o japorongo médium, e pede informações sobre ela (como se meio mundo já não soubesse, Kate querida) mas ele pede um minuto com Ben. Ela, sabendo que não conseguiria sozinha, pede ajuda para a pessoa que mais entende de golpes na ilha - Sawyer. Porém, ela tenta lançar um charme, mas ele vê direto suas intenções por detrás daquele sorriso maroto. Muito ao contrário de Jack, que bastou Kate dizer as palavras mágicas - Você está certo,
seu teimoso estúpido - e como mágica o Doc se derreteu em carinhas e olharzinhos e infinitos inhos açucarados enquanto sua querida amada... rouba o telefone. Seria trágico se não fosse cômico - ou seria cômico se não fosse trágico - a relação que os dois têm ao longo do show e que os escritores fazem questão de frizar. Jack não confia totalmente em Kate - vide a primeira temporada onde ela esconde a chave e na segunda onde ele não deixa-a vir na expedição - e Kate, apesar de confiar em Jack, não vê nele um parceiro onde ela pode dizer tudo e pedir tudo que ela sabe que ele irá fazer, na medida do possível, sem perguntas estúpidas. O paralelo das duas relações - Sawyer vê sob as intenções de Kate, Jack além de não ver, não confia - deixa claro qual ligação é mais profunda. Só não vê que não quer - ou quem é verde e usa óculos cor-de-rosa para enxergar o mundo.

Outra frase que causou mal-estar foi dita também por Kate no início do episódio.
"Eu não confio em você.'' Realmente, alguém acreditou nisso? Para alguém que pede ajuda para aplicar um golpe, Kate querida, você confia bastante nele ahn? Até demais, eu diria. Por mais que eu compreenda o sentimento de Kate naquele momento - Sawyer estava no grupo ''rival'' e tinha sido um completo idiota com ela no riacho - dizer que não confiava nele não era realmente o que ela tencionava fazer, e sim magoá-lo de alguma forma. Kate sabe muito bem que Sawyer é completamente devotado a ela, e ela dizer que não confia nele é uma estacada bem no meio do peito. Ela está magoada e confusa por não entender porque cargas d'água ele quer ficar naquela maldita ilha, e dizer isso dá conta do recado. Mesmo assim, eu ainda acho que há uma razão obscura para Kate querer tanto assim sair da ilha - ela só diz isso a Sawyer quando ele pergunta o porquê dela querer sair. Baby, a única coisa que lhe espera lá fora são... algemas. E eu não estou dizendo no sentido
sexy da coisa. Onde há fumaça, geralmente há fogo.
"Eu vou te proteger.''

Quem não derreteria com uma frase dessas dita por um homem desses? Em uma das cenas mais lindas do episódio, Kate vai para cama de Sawyer - depois do tão aclamado BILY de Jack - e o beija apaixonadamente após ele dizer que a protegeria. Agora reflitamos juntos: Se, e somente se, Kate ama Jack tão perdidamente, e ela sabe que ele também a ama, porque raios ela ainda não fez nenhum movimento? Eles tiveram alguns momentos sozinhos nesse começo de temporada, então qual é a problemática da situação agora? Porque, eu pergunto cá com meus botões, se a) Kate ama Jack, b) Jack ama Kate, c) Sawyer estava do outro lado da ilha, d) Houve momentos em que Juliet não estava lá pra impedir ou intemrromper, e) Michael, o mais odiado pelas ervilhas, está bem fora de alcance, f) O dia estava lindo, os passarinhos cantavam, nem tava chovendo nem nada... Porque meu bom Deus, responda! Qual é o problema? O problema é que Jack e Kate nunca passaram do estágio 1. Eles se conheceram, flertaram e... tiveram um beijo digno de pena - que a própria Evi disse que se Kate tivesse pensado bem, não teria acontecido - mais nada. Cada momento considerado "romântico" foi sempre manchado por um outro acontecimento. Linda cena na sala de sinuca... E Kate estava algemada. E Jack a deixou lá, com o inimigo, para ir embora com Juliet. Bravo. Jack diz que a ama. Para explicar porque defendeu o Sawyer. Kate abraça Jack. Para roubar o telefone. Eles estão há 100 dias no primeiro degrau de uma escada enorme, e o show baby, está acabando. Apenas 44 episódios faltam, e se Jack e Kate vão ter alguma coisa, é melhor os escritores melhorarem isso. Kate e Sawyer têm uma noite de intimidade (sem sexo por motivos mais do que óbvios), ela o acorda com beijos, Jack e Juliet vão se beijar novamente... E então? Cadê a temporada jate? Porque as cenas que temos agora são da mesma conotação que jate sempre teve - flerte, olhares, companherismo - mas e daí? Cadê os beijos, os momentos fofos, os detalhes, o sexo, os abraços, as brigas, tudo o que um casal tem? Ou melhor, tudo que SKATE tem?
Um casal se conhece, flerta, se beija, se conhece melhor, enfim, o que duas pessoas apaixonadas fazem em um relacionamento. Se formos considerar isso, jate é somento uma pretenção de relacionamento, algo que começou e não acabou, e que tá demorando demais pra desenrolar. Se skate vai mesmo acabar, porque trazer outro interesse romântico para Jack? Se Sawyer é um dos mais populares, e se ele vai ficar a ver navios - sem trocadilhos! - nada mais natural de trazer alguém para ele. Mas até hoje, ele não teve NADA de mais com outra mulher a não ser Kate.
E agora José?
Mas um ponto a se considerar é que - mesmo o contexto das cenas skate ter sido ótimo - a realização deixou a desejar. Não por causa de Evi e Josh, muito pelo contrário, mas o roteiro ficou pobre, desconexo e confuso. Por essa razão que comemoramos quando o resumo saiu, mas na hora de assistir ficou aquela sensação de "cadê? aquilo que eu li não era isso". O episódio terminou e ficou uma sensação de vazio. Eu esperava que Kate gritasse, chorasse, aprontasse um barraco enorme, que Sawyer disesse um monte de bobagens como ele sempre fala nessas horas, um tapa bem dado e Kate saindo furiosa, batendo a porta e tudo mais. Mas a briga começou ainda não sei bem porquê, e Jack entrou no meio da mistureba, e pá pum acabou. Parecia que os três primeiros episódios não haviam acontecido: Charile estava vivo, não havia um clima de guerra no ar e tudo estava lindo. Tudo realmente soou.... falso. Daquela situação de que a idéia era boa, mas na hora de fazer...
"O futuro à Deus pertence."
Pelo menos é o que o ditato diz, certo? Ahn... nada disso. Ultimamente a mais nova versão ervilhesca do ditado é "O futuro é nosso!'' e suas infinitas variações que a língua portuguesa permite - e a
genialidade delas também. Então eu fico cá pensando... seria o futuro alguma coisa que você compra? Será que dar pra ir numa loja de departamentos e comprar 20kg de futuro pra viagem? Poxa, imagina só que legal, você vai nas Americanas e compra um pote de futuro belo e sorridente e muito rico! Onde será que elas compraram, já que é ''delas''? Eu também quero um desses! Ou será que elas tem uma linha direta com Mãe Diná?

Ou até mesmo possuem um contato com o nosso querido Brotha, Desmond!?

Alguém consiga o número do telefone delas! (será que telefone celular funciona dentro de latas?) Quero saber se vou conseguir casar com um médico rico. Você sabe, essas tragédias acontecem.
E por falar em futuro... tirando o fato de Evangeline ter sido deslumbrante, tanto em beleza como em atuação, o Flash Foward foi
ri-di-cu-lo, para ser gentil. E eu não estou falando das cenas jates não. Uma mulher que roubou, matou, agrediu um oficial, e tudo mais, porque é famosa agora é inocente? A propósito, ''Not guilty''? Então tá né Kate, você é inocente e eu sou a Rainha da Inglaterra. Tudo bem, é preciso que Kate esteja fora da cadeira para que a história continue, mas eu acho (modéstia a parte) que até eu inventaria outra maneira mais crível de Kate se safar da prisão. E sim, eu quero meu Personal Jack Sheppard. Não, não é isso que vocês estão pensando. Pensa só: você mata seu pai

Assalta um banco,

e tudo mais, e num passe de mágica, Jack aparece,

diz que você é a Mulher Maravilha da atualidade, defensora dos fracos e oprimidos,

e voilá, você se livra da prisão.
Es-tu-pen-do. E vamos combinar, "Do you LOVE the defendant?'' Pior.acusação.ever. O que diabos isso tem a ver com tudo isso? Mesmo se Jack dissesse que ama Kate, que grande diferença isso faria? Isso anularia seu testemunho?
Puh-lease.
Mas enfim, esqueçamos o que fizeram com esse episódio, pensem nas cenas de um mode geral e tentem ao menos ignorar os péssimos diálogos, que acho que podemos sobreviver, certo?
Talvez. Talvez minhas queridas e meus queridos, estaremos fadadas a um futuro sombrio e sádico.
O fim de skate, ó céus, tremei skaters! Estamos prestes a viver o Armagedon shipper!
Mas quem sabe - e eu acho muito provável - um cheiro de ervilha queimada paire pelo ar depois dessa temporada, porque quando você aposta piamente numa coisa e ela não acontece, você acaba queimando a língua.